E as duas estão intimamente ligadas, no
sentido em que a escola é por excelência o espaço coletivo de transferência e
construção dos conhecimentos, valores e práticas de uma sociedade, muito no
sentido que lhe é atribuído por Bourdieu, dentro do paradigma da reprodução social.
Será assim, pela educação, e em operacionalizada
na escolarização que a dimensão cultural, mas também estrutural que uma
sociedade se reproduz nos seus valores, práticas e conhecimentos.
Não será por coincidência que o
aumento dos deficits democráticos
acompanhem senão causem, deficits de escolarização e de escolaridade. É nas
democracias mais avançadas que se verificam não apenas os maiores índices de
escolarização mas também as formas mais plurais e participação na escolaridade.
Onde a democracia se funde com participação,
encontramos os sistemas onde escolaridade se funde com pluralidade, não só na
dimensão escolar mas também no papel da família, assim como o da cultura, nas
suas variadas formas.
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Alavanca de Arquimedes |
Da mesma forma que não é legítimo
atribuir à democracia, mas sim às suas limitações, o crescimento de forças antidemocráticas,
não se pode atribuir à escola o crescimento do analfabetismo, funcional ou efetivo.
Esse analfabetismo, a existir, decorre das limitações da escola enquanto
laboratório social de uma democracia limitada.
Enquanto entendermos a democracia
como um sistema de delegação de poder meramente representativo e a escola como
um local e um tempo de fabricação de “bons cidadãozinhos” ambas ficam a perder,
e nós com elas. Mas não poderemos depois culpar a democracia nem a escola por
as termos confinado a um funcionalismo residual, nem adianta, azedado o leite, apresentar-nos
como clientes insatisfeitos, exigindo o livro das reclamações.
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